O "bolsa" é nosso!

Fernando Henrique Cardoso foi o pai biológico. Lula adotou, educou, aperfeiçoou. Agora a família de origem quer dar uma incrementada, dizer que também participa da criação, de modo a sair bem no retrato familiar. É praticamente uma disputa pela guarda da criança. O rebento: bolsa família.
Depois de se tornar o queridinho do governo federal, o programa pode sofrer alterações tucanas. Projeto aprovado na Comissão de Educação do Senado cria um benefício extra ao programa, de acordo com o desempenho escolar dos alunos. Para o PT, a proposta não passa de uma jogaga em ano eleitoral. Com a "melhoria", o PSDB estaria criando uma versão mais viável do programa já aperfeiçoado por Lula, garantindo, assim - e, talvez, roubando dos petistas -, um bom filão eleitoral para as campanhas.
Além da discussão sobre a apropriação político-partidário do programa, a proposta do PSDB gerou, entre os dois partidos, discussão sobre a pressão que as crianças vão passar a sofrer com o benefício. "O objetivo do Bolsa Família era reduzir o trabalho infantil, retirando das crianças a responsabilidade de trazer dinheiro para casa. A criança que não tiver bom rendimento não vai sofrer pressão da família? Volta a responsabilidade da criança de trazer dinheiro para casa", declarou a Senadora Ideli Salvatti (PT-SC).
Para o autor do projeto, o Senador Tasso Jereissati, tudo não passa de distorção. "Eles [petistas] é que têm todo o viés político nas suas ações. Não tem nada que façam que não tenha coisa eleitoral por trás", afirmou.
A disputa pela guarda continua.

Confira a matéria na Folha de S. Paulo.